Francisco Leonel Fernandes
I – Introdução:
Esse trabalho tem como população de estudo uma clientela muito específica: aquela da enfermaria de longa permanência e os albergados do hospital de Jurujuba. O que levou-me a desenvolver esse trabalho foi uma reflexão sobre o desejo; uma reflexão psicanalítica certamente, mas que se permite confrontar com o tema da relação do desejo e essa entidade vaga que é a sociedade, ou, como se diz atualmente, o social. Nessa enfermaria e nos albergues estão aqueles pacientes que não têm para onde ir. São aqueles sem família, amigos, vizinhos, casa, etc. Aqueles que ao quadro da psicose somam-se as mazelas da idade e/ou da demência. Pode-se estranhar o meu tema então: o que tem desejo a ver com essa situação extrema e lúgubre? É simples, chega a ser até trivial. Nós nos esquecemos disso, mas aqueles que têm para onde ir, nós, temos direção porque estamos situados na ordem do desejo: tanto podemos desejar, quanto, principalmente, somos desejados. Não importa o quão esse fato esteja encoberto por nossa suposta normalidade e as relações sociais ditas “objetivas” que freqüentamos. Ora, a situação da longa permanência e do albergue, justamente por ser limite e negativa – não há em relação a essa gente investimento libidinal propriamente – pode nos fornecer elementos importantes para entendermos o desejo em seu funcionamento social. Compreende-se então, a propósito de que citamos a Praça Mauá em nosso título. É que em Jurujuba, no albergue, acompanhamos o fim de carreira de algumas dessas profissionais da carne, agora velhas loucas.
Encontramos aí personagens, pelas mais variadas razões, sujeitos a todo tipo de manipulação. Ressalvamos aqui as manipulações “teóricas”, isto é, aqueles entendimentos que ao situarem tais figuras como vítimas visam compor justificativas para políticas sociais. É mais do que justo que se invista nessas pessoas. Alías, não há alternativa – ou se as acolhe ou, como é mais freqüente, elas morrem na indigência. De fato, a situação delas é sofrível, trágica, contudo, elas não são necessariamente vítimas. O que nos interessa, entre outros aspectos, é a função que elas jogam numa série de formulações visando algum tipo de intervenção socialmente compensatória. Qual é o papel que elas têm nesses discursos. Elas, nessa situação limite em que se encontram são vistas como o suporte material da hipótese de que os mecanismos sociais de exclusão e marginalização respondem pela determinação de sua situação. Uma de nossas indagações mais importantes é sobre se esse entendimento é suficiente para encaminhar a práxis com essas pessoas visando sua reintegração social.
Foi por essa razão que coloquei aspas em teórico. Não pretendo de modo algum examinar a validade de quaisquer teoria sociológica. As proposições sociológicas, só me interessam na medida em elas se convertem em intervenções concretas que têm a função de alterar o real da posição dessas pessoas. Não penso que uma intervenção que, por exemplo, vise educar corrobore ou não uma dada teoria social sobre a ação de mecanismos sociais, embora evidentemente uma estratégia pedagógica possa encontrar sua justificativa num diagnóstico social desse tipo e, no caso dessa estratégia funcionar de alguma maneira, ela possa servir como um elemento na corroboração da teoria em pauta. Ou seja, é indireta a ligação entre uma dada teoria social e o que se faz em nome dela visando alterar localmente o real da posição das pessoas ou de seus comportamentos no sentido de sua orientação.
II – Porque as pessoas vão para o albergue:
A hipótese de que as pessoas vão parar no albergue em razão de mecanismos sociais de segregação é sedutora, fácil e simpática – é sobretudo uma explicação popular. Afinal, é uma evidência de que aquelas pessoas foram abandonadas. É um fato, elas não têm família, vizinhos, amigos, etc. e se forem deixadas à própria sorte tornam-se mendigas rapidamente. Segue-se que foram abandonadas? E se foram, foram por quem e por quê?
Na verdade, a hipótese do abandono social está associada a uma variante um pouco mais sofisticada do que aquela que encontramos junto às manifestações mais diretas e populares no entorno do sentimento que designamos por pena, comiseração ou piedade. Esse sentimento é sobretudo efeito de identificação: é nosso fantasma de abandono que vemos realizado nessas pessoas. A única verdade que essa hipótese toca, ainda assim de modo tangencial, é o fato dela indicar de alguma maneira que o laço social é função do exercício do desejo tomado numa acepção a mais ampla possível. Quando examinamos de perto as situações, vemos que elas são muito mais complexas do que se pensa e que a questão do abandono – que efetivamente está colocada – deve ser situada num plano completamente diferente do que é normalmente colocado a partir do mecanismo identificatório da pena.
A pena, deve ser situada no eixo narcísico, por isso conduz a um posicionamento que é uma conseqüência lógica de seu registro. Como vemos realizado naquele sujeito nosso fantasma de rejeição, somos tomados de horror e começamos a encaminhar ações e intervenções que são aquelas que fantasiamos que seriam eficazes conosco caso tivéssemos naquela situação. Essas ações e intervenções variam em conformidade com a fantasia de cada um, mas em geral elas podem ser classificadas em dois tipos. Um é a tentação de educar, o outro é a crença nos poderes terapêuticos da bondade, da maternagem irrestrita. De uma maneira geral vemos as pessoas “errando” de um extremo ao outro dessas posições passando por algumas possibilidades intermediárias. Uma das coisas mais impressionantes nesse estado de coisas é que o fato dessas estratégias/respostas terem pouca ou nenhuma operatividade não trazer como conseqüência qualquer interrogação mais séria, quer das intervenções elas próprias, quer dos pressupostos identificatórios que lhes dão lastro. É extremamente difícil não recairmos, até desapercebidamente, numa ou noutra posição quando não numa espécie de “síntese” tirânica de ambas. Vamos a alguns exemplos.
O paciente Luís, albergado, tem a seguinte história. Após a morte da mãe, com quem vivia, passa a viver internado. Sua vizinhança, ao que parece apoderou-se do único patrimônio que lhe restava, ao propor sua internação – a casa onde morava com sua mãe. Nada foi feito no sentido de encaminhar o inventário e o paciente teve de abandonar o imóvel não apenas fisicamente, mas também do ponto de vista jurídico, em razão da internação e de seu quadro clínico. Mas terá sido mesmo apenas uma manobra da vizinhança? É claro que não. Embora evidentemente concorde que deva existir algum encaminhamento assumido pelo Estado no sentido de dar o devido tratamento a situações desse tipo que envolvem essas pessoas que não possuem capacidade de representarem-se e que, no caso dessa iniciativa faltar temos, de fato, a ocorrência de uma omissão grave, uma omissão que, se de fato ela existiu (1) , sem dúvida foi determinante no destino de Luis, ainda assim, não podemos colocar tudo na conta do Estado, ou do fracasso dos mecanismos restitutivos em nossa sociedade. Olhando mais de perto a situação do paciente, vemos que ele não tem condições de sustentar, por sua própria conta, e em diferentes planos, uma batalha judicial. Ele é completamente delirante, vive imerso num mundo onde, por exemplo, até hoje, passada mais de uma década, ainda não realizou a morte de sua mãe. Esta pode a qualquer momento voltar, aliás, onde ela está, porque não vem apanhá-lo? Eis algumas de sua indagações. A queixa em relação aos vizinhos tem uma certa ambigüidade. Ele mesmo antes da morte da mãe já sofrera algumas internações, as quais algumas eram qualificadas por “atentado ao pudor” (ele saia nu pelas ruas), em outras é assinalada sua agressividade. Não sabemos muito sobre o que esses termos recobrem já que não há muito detalhe no prontuário. De qualquer modo, por ocasião da morte da mãe ele foi novamente internado por atentado ao pudor, além do mais, foi apanhado no mais completo abandono na residência onde vivia com ela – misturado às feses, urina, sem alimentar-se, e coisas do tipo. Ainda hoje podemos observar essa seqüência de eventos em seu comportamento. Sempre que é confrontado com uma responsabilidade um pouco maior, uma situação um pouco mais difícil, aumenta sua produção psicótica. Assim, não é óbvio que o paciente esteja na situação em que está simplesmente por oportunismo e intolerância de seus vizinhos.
Eis aí uma sugestão que o psicanalista não pode ignorar: o fato do sujeito não comparecer na cena social como deveria afim de sustentar e reaver seus direitos – alguém tem de fazer isso por ele, sustentar em seu nome seu patrimônio. O fato da produção psicótica iniciar aí, no ponto onde, devido às circunstâncias, incide essa exigência posta pela sociedade de alguém representar-se e falar em nome próprio, esse fato, dá conta de uma determinada estrutura subjetiva, de um conjunto determinado de possibilidades subjetivas. Está aí pelo menos indicado o que Freud designava como rejeição tanto do afeto quanto da representação incompatível na paranóia (Textos: Neuropsicoses…, Novas Observações sobre as Neuropsicose…, Perda da Realidade…) e o que Lacan designa por Foraclusão do significante Nome-do-Pai. De fato, o essencial de sua produção psicótica, delirante, é a certeza do retorno da mãe para buscá-lo e então retornarem à vida que sempre levaram juntos. Quanto ao conceito lacaniano de foraclusão, temos em relação à sua produção psicótica a sugestão de que ele cai enquanto sujeito no ponto em é chamado a representar-se. Isto é, não comparece em seu lugar aquele termo que lhe permitiria situa-se como sujeito, o Nome-do-Pai – esse termo está foracluído, retornando do real e como real a presença alucinatória e delirante da mãe então falecida.
O albergue então mais do que uma proposta de tratamento, é uma resposta social que acolheria o fato da psicose em função do reconhecimento da impossibilidade desses sujeitos não poderem responder em nome próprio. É diferente de um tratamento, que também é, naturalmente, uma resposta social, no sentido de que um tratamento não toma para si a responsabilidade total sobre o sujeito, enquanto que no albergue temos uma situação que visa substituir ou compensar a inexistência total de articulação social do sujeito. Por isso o albergue deveria ser, é o que penso, um lugar onde ela, a psicose, é reconhecida como tal. Infelizmente isso não é muito claro. A situação dos albergados tende a ser pensada exclusivamente a partir da assimilação deles à categoria das vítimas sociais, para os quais é possível alguma compensação ou restituição por força do manejo de variáveis estritamente sociais do que mediatizada por uma conceitualização que coloque, que afirme, a psicose em sua especificidade. É verdade que penso não ser uma boa caracterização o entender as figuras da miséria e de nossos problemas sociais a partir da categoria de vítima, isso mesmo ali onde esse entendimento se justificaria de alguma maneira. Esse entendimento, a meu ver, colhe as pessoas num ponto em que elas caem numa identificação – vítimas – que não lhes abre qualquer oportunidade como sujeitos, a não ser gozarem de sua condição miserável quer cinicamente, se aproveitando das políticas sociais compensatórias numa estratégia de sobrevivência, quer na auto-comiseração.
No caso da psicose, esse entendimento limita o alcance que essa iniciativa do albergue poderia ter. Um exemplo evidente disso, embora esse fato não diga respeito ao albergue em particular, é a montagem dos prontuários dos pacientes. A partir deles só temos as notícias sociais do sujeito. Quando foi interno, suas internações sucessivas, os cuidados que ao longo de sua vida foram postos em prática visando a que ele alcançasse uma vida equilibrada, etc. Aliás, é impressionante essa preocupação permanente dada nos prontuários, esse eixo em função do qual é examinada a vida dos pessoas, se ele está agitado ou não, se ele está deprimido ou não. Como muitas vezes aponta Valmir, é o interesse excessivo pelos aspectos vegetativos da vida dessas pessoas que conta. Uma busca obssessiva pelo meio termo entre a pasmaceira completa (a demência) e a turbulência radical (o surto e a passagem ao ato). Chama a atenção que se tenha tão poucos registros da maluquice própria das pessoas, seus delírios, suas alucinações, os temas e os termos nos quais essas produções psicóticas se formulam, a relação dessas produções com o pragmatismo delas, etc.
Do ponto de vista da psicanálise a pouca atenção dada à produção, mesmo psicótica, dos sujeitos indica o ponto em que eles são tomados. Para a psicanálise o sujeito está na sua produção, no que ele diz – não importa se psicoticamente ou não. Se não é isso que o sujeito diz que conta, se isso que ele diz é apenas indice de seu menor ou maior estado de turbulência, isso significa que o sujeito é tomado estritamente numa identificação objetivante – temos apontado aqui para aquela mais à mão, a de vítima. O que é desconsiderado então é o eixo central de qualquer procedimento orientado pela psicanálise: a transferência. Esse é um ponto importante e que deve ser bem formulado visando a circunstância particular do albergue.
Retomando então o sub-título, “porque as pessoas vão para o albergue”, a resposta vem simples: porque para elas está em declínio a função do desejo. O desejo enquanto aquilo que sustenta qualquer laço social. E devemos ver esse declínio nas duas direções. Não ter pai, mãe, irmão, enfim, família que o adote como membro, não ter vizinhos, amigos, etc., tudo isso diz respeito ao desejo. É também um fato que essas pessoas elas próprias já não desejam, que elas também se retiram, ou se retiram cada vez mais desse campo de batalha que é o desejo. Essa orientação, marcando uma referência ao desejo, pode ser interessante no que diz respeito às possibilidades do albergue. Por exemplo, a partir dela algumas perguntas brotam como que espontaneamente pois desloca-se o eixo de visão em relação aos pacientes. Falei em declínio da função do desejo e a questão então torna-se como, para cada albergado, coloca-se essa relação com o desejo. Certamente temos desistências do desejo diferentes, singularizadas por circunstâncias e possibilidades distintas, conforme o albergado.
Uma coisa é a situação da Paim, ex-prostituta, que até chegou a sair da “vida”, foi para o Japão com seu marido, um japonês, abandona esse destino com todos os sinais de uma história feliz e, por loucura pura, vem “escolher” a vida de mendiga nas ruas de Niterói. No entanto, olhando um pouquinho mais de perto vemos que ela fez essa escolha louca por fidelidade a seu único e verdadeiro amor: o álcool. É mais fácil ela obter bebida como mendiga do que como esposa. E ela chega mesmo a sugerir que seu comércio com os homens lhe interessava por que estes lhe davam o que beber. Questão para o albergue que chega a ser quase uma pergunta metafísica: o que fazer com essas pessoas marcadas por escolhas tão radicais? Outra situação é a de Ester que “louca de pedra” como se diz, entra na ciranda psiquiátrica já na casa dos setenta. Ela foi uma psicótica muito bem sucedida, viveu em sua loucura com poucos problemas que convocassem qualquer intervenção psiquiátrica. Ela morava numa fábrica e foi trazida por colegas por que bebia muito e ligava as máquinas da fábrica de madrugada. Estava totalmente delirante quando chegou a Jurujuba, atualmente, está um pouco mais calma, mas continua delirante, o que dá provas de que essa produção a acompanhou durante toda sua vida. Para nós vem a questão de como ela pode passar pela vida, com sua loucura, sem muitos encontros com a psiquiatria ou qualquer outro dispositivo de tratamento. O que lhe deu suporte?
Como vêm as situações se mostram muito diferentes quando começamos a recolher os elementos nos quais os sujeito pode comparecer, isto é, os significantes que cada um pode trazer da maneira que for – isto é, não importando se como vozes alucinadas, falsas recordações, crenças delirantes, etc. Observem também que essa nova tarefa de recolher os significantes que o sujeito traz, não implica numa alteração dos cuidados e dos procedimentos que o funcionamento do albergue exige. De fato, ela é mais uma tarefa e seus efeitos sobre o trabalho podem ser muito indiretos. O importante é que haja uma certa abertura para que essa escuta produza seus efeitos sendo o principal deles, o mais estrutural, o de situar os comportamentos, as indiosincrasias, as maluquices e tudo o mais, numa referência singularizante, inscrita no caos mesmo dos ditos, em relação à subjetividade. É a partir daí que vou tentar dizer alguma coisa a respeito da transferência nessa situação limite que é a do albergue e da enfermaria de longa permanência.
II- A questão transferêncial no albergue e na longa permanência:
Tanto a iniciativa de educar quanto a de cuidar dão conta do que está em jogo no laço com os pacientes do albergue: são formas diferentes de resistência ao analítico. Por resistência não se deve entender algo que se reduz a um equívoco ou ao erro. Como se sabe, a resistência designa de través isso mesmo que está em causa numa dada circunstância transferêncial. Toda a questão é acolher esse fato e dele tirar as devidas conseqüências. Não devemos nos esquecer que a forma canônica na qual Freud localizou a transferência foi pela via da resistência.
Muito bem, o que está em jogo no albergue não é certamente nada ligado ao saber. Ao contrário, é um bálsamo quando alguma coisa pode ser trabalhada com os pacientes nesse nível. Como em geral acontece em hospícios a dimensão de endereçamento transferêncial que é mais imediatamente evidente é aquela que diz respeito ao registro pulsional. Podemos até dizer que, se dermos ao termo transferência uma acepção mais larga do que a do laço específico entre analista e paciente, uma acepção que diga respeito principalmente ao investimento libidinal e ao endereçamento particular dos laços sociais em geral, podemos dizer então que os surtos psicótocos e as crises neuróticas graves são respostas no campo da motricidade (passagens ao ato ou acting outs) aos laços transferênciais nos quais o sujeito se sustenta em sua vida. Eles vão parar no hospício a partir de rupturas ou de ameaças de ruptura nesses laços. Por pulsional nesse contexto quero apenas indicar essa urgência de resolução de não sei o quê que acossa o sujeito que recusa se refratar, se desdobrar, no campo do sentido e deriva da maneira a mais crua para a motilidade na forma de atos radicais e extremos, como o suicídio ou o homicídio.
Se no hospício propriamente temos essa presença desconcertante do excesso no campo da ação, no albergue e principalmente na enfermaria de longa permanência, temos também uma referência maciça ao corpo, mas não tanto à ação e sim à completa falta dela, a uma propensão do sujeito de simplesmente reduzir-se ao vivo, ao exercício de umas poucas funções vitais – enfim, uma propensão à demência. Nesse contexto tanto a tentação de educar quanto os cuidados têm uma nítida pretensão de ressuscitar os sujeitos, de chamá-los à vida e à ação. E o que há de pulsional nisso tudo?
A resposta vem rápido. O que está em jogo aí é a oralidade. Ou melhor dito, não tanto a oralidade no sentido dos sujeitos estarem a executar suas possibilidades no campo da motricidade, mas, ao contrário, a tendência de se desligarem, como o ato que realiza as respectivas psicoses enquanto tais, desse registro. Num certo sentido, a oralidade numa acepção positiva é a esperança dos técnicos: que os pacientes venham a se interessar por alguma coisa, que manifestem algum apetite.
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1. Temos que falar assim porque não estamos certos, e nem podemos estar, da fidedgnidade dos dados em seu prontuário.